Pé no chão, cabeça que voa

Contemplei a tua alma e encontrei-me nela, qual tinta encontra a tela. És presença em mim; nas minhas manhãs, nas minhas noites. Revejo-nos num livro, decerto o mais requisitado da biblioteca, enquanto assimilas cada linha minha e eu me cinjo a decorar os teus sinais.
Quero ser para ti o que ninguém ousou ser: inteiro, do sentir ao expressar. Ser liberdade, ser de verdade, mesmo perante o cansaço. Ser o teu alento, a tua paz. Ser a ânsia que antecipa o encontro ao fim do dia e mata a saudade. Mas não ouves o barulho da minha mente? Parece que quanto mais procuro por respostas, mil vezes mais eu te encontro nas perguntas, traduzido em linhas sem rosto e estrelas de olhos brilhantes. Inspiro o silêncio, este que me fala tão alto quando te leio. Adormeço, e descanso feliz.
 
Nos meus pensamentos, és tu quem caminha ao meu lado em dias difíceis. E mesmo quando houver silêncio, tu vais compreender que os nossos corações se pertencem. E se, em última instância, as nossas ambições nos traírem, grava todas as palavras que te disse no fundo do teu coração e nunca as tires de lá. Que não nos falte cumplicidade e temperança, nem inspirações, sonhos ou desejos. Quero conhecer de cor os caminhos do teu coração, assim como desejo que decifres o meu. Subimos?

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