Pontos sem nó

Há dias reavivaram-me a memória quanto à expressão “só erra quem faz”. Desde aí, é como se tal epígrafe ecoasse pelos túneis sinuosos do meu pensamento, sem qualquer sinal ou permissão de passagem (não fosse eu a própria incorporação moderna e mais barata de Descartes, que só existe porque pensa e talvez até em demasia).

Saber dissociar o ato pensatório da pura condição de sentir é um desafio. Contra mim falo, que toda a vida ouvi que devia "ser mais fria". Só que as tempestades da mente vêm sem aviso meteorológico e ali fico, à mercê das condicionantes. Se por um lado não devemos descurar o que nos vai no âmago, por outro há que filtrar o que já não serve e porventura atrapalha a tarefa diária que é viver a sentir.

Mas o tão almejado ponto de equilíbrio nem sempre surge claro no horizonte; enquanto isso, vejo-me a atingir o ponto de saturação — logo eu, que prefiro vírgulas. Eis que dou por mim a duvidar também de todos aqueles que ousei bordar sem nó, isto enquanto fujo com custo do que me soa mais assombroso: o ponto sem retorno.

Anseio aprender a abraçar esta complexidade que tanto me faz bradar aos céus como me incita a recolher na minha pequena concha. “Quantos mais pontos serão precisos marcar para desbloquear definitivamente o manual de instruções da vida?”, pergunto-me.

O loop não pára e a resposta tarda. Talvez amanhã a encontre pelo caminho.

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