Amadurecer

Por vezes, ao olhar para as minhas fotografias, dou por mim a contemplar as inúmeras marcas que abundam no meu rosto. Todas aquelas rugas de expressão fascinam-me de algum modo, não sei; é interessante, por assim dizer. Somos todos tão diferentes uns dos outros, mas ao mesmo tempo tão iguais... todos partilhamos destas marcas, destes traços que quase parecem ter sido feitos a grafite, tão propositadamente e ainda mais a julgar pela sua simetria e rigor. Alguma vez tinham pensado nisto? São marcas de histórias, todas elas vividas, sentidas, sofridas, sulcadas num rosto tão sereno quanto a própria saudade, que tanto nos angustia como nos relembra as boas coisas, como forma de datar a nossa pele pela marca da vida, avivando-nos assim, por vezes, a memória de um passado ainda tão presente quanto aquele futuro, que nos pode parecer longínquo, mas que tão depressa se vai aproximando. São um misto de sentimentos ali embutidos, concentrados num pedaço de pele e que se vão alterando à medida que a o tempo passa por nós. O tempo, como quem diz... quem realmente passa por nós é a Vida e a gente por ela, embora com prazo de validade. E por muito que não nos queiramos lembrar disso, haverá sempre algo a fazê-lo por nós.

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