Efémera viagem

O vento soprou:
As noites tomaram a forma de um verdadeiro inferno
Enquanto o caos fazia da minha mente - outrora sã – a sua nova casa.
Pensar dói
Corrói
Destrói(-me)
Nada peço, nada posso
Nada sou
Especulo apenas e só no meu íntimo
Mas suposições não fazem a gente
E nem sempre a gente tem resposta para as perguntas que habitam o nosso núcleo
Porque o mal das pessoas não é não saberem o que querem
O mal das pessoas é não saberem quem realmente são
Pois posso até nem saber o que sou; mas sei quem sou
Para onde vou? Também não o sei
Sei onde estou. Sei onde estive e por onde andei
E se a vida é como que uma criação do fantástico,
Ora é-o por ser incerta,
Mediocremente traduzida nas mil linhas do oceano infinito
Comparo-a, pois, à brisa que passa
Mas que não volta para mim.
Porque definições não pedem certezas
E se há coisa de que sou certa,
É que a vida é tentativa e é erro
Um erro crasso,
Mas não dogmático;
Quase escasso,
Fugaz!
E hoje, em paz, sei e digo:
Pertenço-me a mim - só a mim
E quem não souber lidar com isso,
Não ouse tocar-me a alma.

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